Pular para o conteúdo

Jogadores também são narradores!

Um RPG é uma tarefa colaborativa entre o mestre e os jogadores, porém todo jogador tem um direito que, por algum motivo, parece ser uma ocorrência rara quando ele é usado. Jogadores também são narradores.

O mestre controla o mundo, seus habitantes e todo o resto, e é a função dele narrar esse mundo. Quando os jogadores entram em uma taverna, é tarefa do mestre narrar a aparência da taverna, quem está nela e a atmosfera geral, porém nesse mundo, existe algo que está além da jurisdição do mestre, e é onde suas tarefas narrativas terminam: Os personagens dos jogadores.

Os personagens são domínio exclusivo dos seus donos. Isso significa que, não só os jogadores tem direito de decidir para onde eles vão, com quem eles irão falar e em qual estabelecimento eles irão entrar, mas eles também tem o direito de narrar como eles irão para onde querem ir; Como eles irão falar com quem quiserem falar; E como eles irão entrar nesse estabelecimento.

Vamos usar o seguinte exemplo:

Os jogadores acabaram de voltar de uma árdua quest. Eles estão cansados, com sede e com fome. Eles chegam na taverna.

Pedro (Tormir): Eu entro na taverna, vou até o taverneiro e peço uma cerveja.

Cara, mas que descrição sem sal. Isso faz o jogo parecer mecânico, como um MMO. Você tem total controle sobre o seu personagem, então use este controle para narrar as ações dele em mais termos além do que você faz. Diga como você faz. Fale coisas que o seu personagem está pensando. Vamos colocar tudo isso em um exemplo prático, o mesmo cenário acima, mas dessa vez vamos ter Pedro narrando as ações de Tormir:

Pedro (Tormir): Eu abro a porta da taverna com força e entro com ar de importância, olhando para os lados para ver se alguém me reconhece.

Mestre: Hmm… a reação das pessoas parece ser só de susto com o louco que escancarou a porta da taverna com tanta força.

Pedro (Tormir): Eu não dou atenção à eles e vou até o balcão da taverna. Eu enfio minha espada no chão antes de sentar no banco e coloco meu braço no balcão.

Mestre: “Hmm, ei… você pretende pagar pelo meu chão?” diz o taverneiro.

Pedro (Tormir): Eu pondero o motivo de ter feito isso… talvez só pra parecer foda. Mas de qualquer forma, eu ainda acho que eu estou abafando. Eu pego uma moeda de ouro, bato ela no balcão e digo “Uma cerveja, e o chão.”

Agora sim! Tormir realmente parece uma pessoa real, lidando com uma situação real, e não só um boneco que vai aonde o jogador clica para ir.

O mestre tem muito poder, mas o poder dele de criar imersão é limitado, e ele precisa da colaboração dos jogadores para fazer aquilo que RPGs são feitos para ser: Por algumas horas naquele dia, ser uma outra pessoa, em um outro mundo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *