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Em defesa dos órfãos de D&D

“Meus pais estão mortos”. Este é um dos temas mais comuns em conceitos de personagens em D&D, e praticamente em qualquer outro RPG. Mas por que tantos jogadores parecem ter alergia à pais vivos?

É importante notar que este artigo não está falando sobre os personagens cujos pais estarem mortos é uma grande parte por trás da motivação principal dele. Esse é o clichê (ver abaixo). Estamos apenas falando sobre personagens com pais mortos, e é isso ai. A morte deles não tem nenhuma relevância para o resto da história.

Eu já escrevi um pouco sobre isso no artigo sobre os maiores clichês de personagens, mas recentemente eu encontrei uma postagem em um fórum de um mestre reclamando do fato que ninguém tem pais vivos, e isso me fez pensar novamente neste fenômeno e considerar melhor as razões pelas quais tantos jogadores decidem criar órfãos. Este é o post (traduzido do inglês):

Eu odeio quando personagens de jogadores são órfãos. Isso é comum demais, e ainda por cima, é preguiçoso. Parece que eles são simplesmente preguiçosos demais pra criar uma família, então eles simplesmente dizem que todos eles morreram. Como um mestre, eu gosto de criar campanhas que envolvam NPCs do passado de um personagem, e os melhores NPCs para isso são membros da família. Órfãos me deixam sem nada.

E se eu te dissesse… que você é o problema?

Vamos explorar um pouco as razão pela qual muitas pessoas jogam D&D: Escapismo. Deixar o drama do mundo real e ir para um mundo diferente. Esquecer as preocupações de adulto.

Entra o mestre. Muitos mestres salivam ao ver a oportunidade de usar a família de um personagem contra ele. Para um jogador que está jogando o jogo justamente para escapar do drama da vida real, esse é um nível de comprometimento emocional que ele não está preparado ou disposto a assumir, e isso é completamente compreensível. Família é o laço emocional mais forte que você pode ter, e ser obrigado a interpretar isso quando você não sente realmente essas emoções é uma experiência exaustiva, e vai contra tudo que RPG deveria ser: diversão.

É esse medo do que o mestre pode fazer dado acesso à uma arma tão forte contra o personagem que motiva a criação de órfãos. E de quem é a culpa disso? Desses mestres que não resistem envolver a família do personagem na história. Jogadores não desenvolvem esse medo sem motivo algum, e é justamente o clichê de “seus pais estão em perigo, vá ajudar eles” que motiva tantos jogadores a simplesmente deixar os pais de fora da história. Mestres muitas vezes não entendem isso, e acreditam que forçar desafios emocionais em um jogador cria uma boa história, quando na verdade eles estão apenas deixando o jogador desconfortável e irritado.

A verdade é que a maioria dos jogadores não joga D&D para encarar medos adultos. Eles jogam para matar orcs e explorar um mundo de fantasia, e acho que já é hora de todos nós, como mestres, respeitarmos isso.

2 comentários em “Em defesa dos órfãos de D&D”

  1. Salve aventureiros!
    Eu tenho uma família no rpg. E isso já me causou alguns problemas com o grupo, país élficos geralmente são carrascos com outras raças, principalmente anões, mas ao mesmo tempo é engraçado ver o anão querendo dar uma de “namorado” do meu personagem e eu ter que dizer que ele tem sérios problemas mentais. E atualmente estou em um conflito com meu nemesis (um outro mago malígno), culpa de quem? Meus país, que resolveram selar parte do meu poder dentro do meu corpo para ser uma prisão mágica. :$

  2. Cara, adoro seus artigos, mas com a devida vênia devo discordar desse. Mestrei uma campanha de pouco mais de dois anos para alguns amigos e entre personagens mortos e novos personagens nenhum deles tinha pais, sabe o que é mais engraçado? A ideia de colocar a família na história nunca tinha me passado pela cabeça, só surgiu quando eu estava acompanhando algumas comunidades de D&D. Hoje, com o personagem que eu jogo, ele tem família e se importa com ela mesmo estando longe. As vezes os jogadores ficam numa zona de conforto eterna, por exemplo, temos um player na nossa mesa que teve mais personagens do que todo mundo junto e sempre ele faz ou um guerreiro ou um paladino e sempre, sempre mesmo, ele foi órfão.

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